2012: Apocalípse New Age


Áspero é o rosto de Deus neste dia e ásperas as coisas que traz.
   (Registro maia para o dia 5 Ahau.)

No Calendário Gregoriano será 21 de dezembro de 2012, no Calendário Maia 13,0,0,0,0 e em Dia Juliano 2.456.283. Esta é a cifra da nova Besta, aquela que virá para acabar com a humanidade. Não será um monstro de 7 cabeças e 10 chifres desta vez. Dizem que três conjuções nos esperam quando cheguemos no fim da Contagem Longa do Calendário Maia: durante o solstício haverá um alinhamento do Sol com o plano galáctico, o Sol terá uma atividade desconhecida até agora capaz de destruir todos nossos sofisticados sistemas de navegação e comunicações e o campo magnético da Terra sofrerá uma inversão súbita dando origem a imensas tensões na Terra. En síntese, um caos. Que acontecerá depois desse dia, o Fim ou um Novo Início?

Desde que eu sou pequeno leio sobre presságios de Fim de Mundo. Crescí com o temor de uma guerra nuclear acabar com a civilização. Confesso que durante minha infância e juventude nunca fiz planos para além de 2000. Era intiuitivo, não tinha nada de racional.

De certa forma é razoável a preocupação com o Fim do Mundo. Somos mortais, nossa única certeza é a da nossa propria morte. Ao longo da vida vamos primeiro nos acostumando com a ideia de morrer, depois, nos preparando de alguma forma para o nosso último ato. Prevê-lo, pensá-lo, é uma forma de vencé-lo, talvez. Assim também atuamos em relação ao Mundo. Antecipar o seu fim nos dá alguma forma de tranquilidade.

E agora estamos sendo colocados diante de um novo hito. Depois de ter vencido a passagem do milênio, nos aguarda outra data magna em poucos anos. O que tem de particular? Bom, simplesmente que uma folha do Calendário maia deve ser descartada, e começa uma espécie de Ano Novo. Um ano de 1.872.000 dias que, segundo arqueólogos modernos, teria começado em 13 de agosto de 3114 A.C. Como todo Ano Novo, seguramente os maias temeram o que viesse depois. Deixaram presságios, fórmulas para esperar um acontecimento tão importante. Promessas para melhorar nossa sociedade, e votos para acabar com medos e doenças. Talvez pensaram seriamente que viria um Fim de Mundo. De todas formas, mais de 1000 anos os separava da data temida. 2012 ficava para eles tão longe como o Big Bang para nós.

A cultura que gerou essa tradição não existe mais (embora os maias sim continuem existindo, como podemos comprová-lo viajando ao México, Guatemala ou Belize), mas nossa sociedade neurótica de temores recuperou seus mitos. Quem sabe se os interpretamos corretamente? As crenças só têm sentido dentro do ambiente em que foram criadas. Hoje, 2012 convertiu-se em um ícone New Age afastado da cultura maia. Entre tanto Google me informa que mais de 1 milhão de páginas de Internet contêm as palavras 2012 e apocalipse (fiz a procura em espanhol, inglês e português). Contadores regressivos nos dizem quantos dias, horas, minutos e segundos faltam para o fim. Diferentes intérpretes se esforçam por dar a versão mais estremecedora do último ato de nossa sociedade.

Ao olhar para este quadro um tanto desolador me perguntei como evitar tanta ansiedade desnecessária... A resposta é este web book, que pretende algo mais ainda: aproveitar o interesse em temas tão científicos como a física solar, a astronomia galática ou a geofísica para colocar estes temas de forma clara e simples para qualquer pessoa. E embora eu não sou arqueólogo nem historiador, também darei informações sobre a história maia. É uma oportunidade importante que coloca em evidência o interesse latente das pessoas na ciência. Aqui, o leitor poderá achar juntos, uma descrição e análise das profecias de 2012 à luz da ciência, uma história dos maias, do seu célebre calendário, que é a peça chave deste fenômeno, e uma introdução aos elementos mais importantes em torno às profecias: o Sol, o Geomagnetismo e as Galáxias, por último faço uma síntese do fenômeno 2012 extraindo umas últimas conclusões. A minha sugestão é deixar para último lugar a discusão sobre as profecias, quando o leitor terá mais elementos para compreende-las e participar das discusões. De qualquer maneira, como se trata de um Web book, a todo momento encontrará links que referem a outras partes do livro ou fontes externas, assim cada qual pode escolher a ordem de leitura que mais lhe atrair.

Tentei fazer o texto o mais atrativo que pude e ao mesmo tempo coloquei as referências mais atualizadas em cada tema. Os textos consultados são livros escritos por pesquisadores da área ou artigos científicos publicados em revistas especializadas. Como consulta externa escolhi sempre a Wikipedia por dois motivos, em primeiro lugar porque eu sou ao mesmo tempo um usuário e um contribuidor da mesma e em segundo lugar porque ela é acessível para todo mundo sem limitações tanto em espanhol como em português. Aliás, eu decidi fazer este projeto em edição bilíngüe, espanhol/português: em cada página podem encontrar o link para a edição espanhola.

Como em todo projeto devo alguns agradecimentos: a Guadalupe Torres e José Martín Torres pela diagramação do site. A Santiago Giménez de Castro e Marcela Claudia Marciani pelas correções do texto. Se eu tenho que dedicar este livro, deveria começar por meu pai que me introduziu na cultura maia quando era apenas uma criança. Na sua biblioteca havia (ainda está ali) um livro sobre os maias. A sua dedicatória era singular: aos americanos e sua aficção pelo chiclete, que impulsionaram a exploração da floresta mesoamericana que levou à re-descoberta dos maias. Em parte, esta nova adesão à cultura maia tem a mesma origem. Então a eles também vai dedicado meu livro.

Convido todos a percorrer o caminho para o 2012 que, definitivamente, não será nossa última hora.


Guillermo Giménez de Castro, sob Licença Creative Commons. Última revisão: 21/08/2011


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Desenho e Arte: José Martín Torres e Guadalupe Torres.